terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Caminhar no tempo

Esta época do ano, nos faz pensar no tempo, na vida, por mais que a gente não queira fazer isso, é algo inevitável.
Parece que o mundo fica envolto em algum tipo de energia cósmica que nos obriga a pensar no que fizemos e deixamos de fazer.
Eu particularmente, não tenho problema com isso, pelo contrario faço disso um exercicio quase que diário na minha busca por melhoramento, e na minha luta contra os meus demônios.
Mas hoje se eu pudesse caminhar no tempo, eu mudaria muita coisa, principalmente no que tange relacionamento, paixão, amor essas coisas fáceis de conviver.rsrs
Mudaria, não pelo fato de ter me envolvido com pessoas erradas, mudaria para não ter que tê-las magoado. Mas ao pensar assim, me vem um outro pensamento, se eu não tivesse vivido da forma que vivi, como eu seria hoje? Estaria aqui escrevendo estes pensamentos confusos de uma mente viajante e um coração apaixonado?
Estaria eu hoje maduro o suficiente  para entender que estar apaixonado não basta para fazer a outra pessoa se apaixonar por nós?
Perguntas que eu jamais saberei as respostas, e nem mesmo se existem respostas exatas para essas perguntas.
Então prefiro escrever sobre o que faria se o tempo me desse tempo em forma de poesia, do que praticar a psicologia e estragar a fantasia.
Afinal existe melhor fantasia do que a de estar apaixonado?
Imaginar como seria...Ah...Se perder em pensamentos, sobre cada momento.
Para muitos estar apaixonado obriga ao objeto da paixão a retribuir, e quando isso não acontece causa a desilusão, a frustração.
Já para mim, estar apaixonado é um estado de espirito que independe de retribuição, a recompensa vem em formar de inspiração.
É claro que sonho em conquistar aquela pela qual sou apaixonado, pois tenho certeza de que a faria feliz, mas para que isso aconteça, ela tem que desejar isso.
Então, enquanto espero que o milagre aconteça e sejamos um par, eu vou aqui escrevendo, delirando, pensando e sonhando.
Feliz Natal a todos os apaixonados!





Dê-me o Tempo que for



Apague, tempo, as horas perdidas

E dê-me outras que com elas farei uma nova antiga vida

E as gastarei como faz uma lima

A devastar o que não serve

E aprenderei a não ser breve

Demorarei-me no portão

A esperar minha amada

E ouvirão pela estrada

O bater do meu coração

Em cem mil badaladas...

Devolva-me, tempo, os silêncios que pronunciei

E neles porei palavras que guardei

Para dá-las ao meu amor,

Que estava a sonhar na janela

E nem percebeu quando lhe atirei uma flor...

Esqueça-me, tempo,

Deixe que me perca nos braços do vento

E não exista como coisa que pesa

E que alguma diferença faz,

Serei um inquieto, porém longínquo mar,

Uma porção de grama na campina florida

A esperar os que amam e celebram a vida...

Se não der, tempo,

Sutenta-me por mais momentos

Para que eu possa então declarar meu amor e paixão

E erguerei meus versos ao palácio que contemplo,

Onde mora o amor,

E ele, sei, ouvirá minhas preces e dirá onde moro

À amada, meu desejo, que tanto espero,

Que virá sem demora...

Dê-me mais tempo, tempo, o tempo que for,

Em séculos, instantes ou agora.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Para Viver um Grande Amor

Como a maioria do romanticos, eu adoro poesia, e li um livro de Vinicius de Moraes uma vez, há muitos anos atrás que se chama Para viver um grande amor, eu tenho este livro até hoje, mas nunca mais o peguei, até hoje.
E comecei a folhea-lo, e cada palavra, cada página, eu pensava nela. A paixão, a saudade, o desejo de estar junto era cada vez mais forte.
Tão forte e tão desesperador que passei a pedir a Deus que fosse ela o meu grande amor! Pois para viver um grande amor é preciso...

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.